sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

Joaquim Gomes Menezes, O Príncipe Ribamar - Por Senhorzinho Ribeiro

Joaquim Gomes Menezes era seu nome batismal. Nasceu na Rua do Horto, em Juazeiro do Norte. Solteirão, vivia em companhia de sua mãe. Trabalhava na arte de carpinteiro e tratava-se de um excelente profissional.
Com a morte de sua genitora, Joaquim ficou desorientado e posteriormente enlouqueceu. Ainda sadio trabalhou no madeiramento de várias residências, casas comerciais, igrejas, inclusive foi o responsável pelo madeiramento da Igreja Matriz da cidade de Ipaumirim - CE.
Com a doença mental, vieram o sofrimento e o desprezo por tudo que possuía, inclusive pela profissão. Tornou-se uma das figuras mais conhecidas da cidade e mais uma vítima da sociedade que não compreende os deficientes mentais.
Em sua psicose tornou-se o "Príncipe Ribamar da Beira Fresca", pretendente a se casar com Gioconda, herdeira do reino da "Eslobóvia".
Seus delírios o levavam a se sentir proprietário dos maiores patrimônios, como a Torre Eifel, as Pirâmides do Egito e a Estátua da Liberdade. Em sua imaginação criava os mais absurdos projetos como fábrica de fumaça, transposição das águas do mar para Juazeiro e se considerava Comandante Geral da Cavalaria Marinha.
Julgava-se dono da maior fortuna do mundo em moedas não existentes. Andava com vários cheques de papelão, não padronizados, com cifrões e zeros inacabáveis. Estes cheques eram elaborados por algum gozador, que estimulava as ideias excêntricas de "Príncipe Ribamar", confirmando para ele que o dinheiro era enviado de outros países.
Cada vez que este fato ocorria, o "Príncipe" procurava um gerente de banco, na ilusão de receber a tão sonhada quantia, e assim realizar seus mirabolantes projetos .
Caso algum cidadão de bem, penalizado com as explorações de que era vítima, lhe aconselhasse a deixar estas ilusões, ele não aceitava e tornava-se revoltado contra aquele que tentasse lhe contradizer.
Em dias de festa, principalmente em 7 de Setembro, "Príncipe Ribamar" se trajava em suas vestes de gala. Tais vestes eram improvisadas por terceiros, geralmente gozadores que lhe ornamentavam com as mais ridículas indumentárias.
Um cobertor de frio lhe servia de capa. Sua roupa era toda branca com detalhes azuis. Nas pernas da calça, duas largas faixas vermelhas. Dois enormes galões cobriam seus ombros. Usava um chapéu azul de papelão de abas curtas e copa alta, simulando um chapéu de cozinheiro. Ao longo de sua túnica existiam várias condecorações, todas improvisadas com tampas de garrafas, medalhas de latas e fitas decorativas que nada significavam.

Assim viveu o Príncipe Ribamar, um dos "loucos" mais famosos e tradicionais desta cidade. Morreu pobre, esquecido, mergulhado em sua psicose de homem rico e mais importante do mundo. (Fonte: Juazeiro no túnel do tempo, Senhorzinho Ribeiro)

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